domingo, 16 de setembro de 2012

Considerações sobre os Verbetes do Vocabulário de Psicanálise de Laplanche e Pontalis - TÓPICA, RECALQUE ORIGINÁRIO E NARCISISMO


Tópica:

. Teoria dos lugares.
. Diferenciação do aparelho psíquico em sistemas dotados de características diferentes com relações entre si. Podemos considerar metaforicamente como lugares psíquicos.
. Na teoria Freudiana são duas tópicas: 1ª: distinção entre Inconsciente, Pré-consciente e Consciente; 2ª: distinção entre id, ego e superego.
. Hipótese freudiana: origem num contexto científico de que nos limitaremos a indicar elementos mais imediatamente determinantes.
. Hipótese anátomo-fisiológica: funções especializadas ou tipos específicos de representações dependeriam de suportes neurológicos rigorosamente localizados.
. Psicologia patológica: grupos psíquicos diferentes, comportamentos, representações, lembranças que não estão continuamente e no seu conjunto à disposição do sujeito, mas que podem mostrar sua eficácia: fenômenos hipnóticos, casos de desdobramento de personalidade, etc.
. Inconsciente: organização por camadas – sentido lógico, pois as associações entre as diversas representações realizam-se segundo modalidades diversas. Constituído a partir do recalque originário.
. Tomada de consciência: reintegração das lembranças inconscientes no ego – descrita segundo um modelo especialmente figurado: “desfiladeiro” que só deixa passar uma lembrança de cada vez para o “espaço do ego”.
. Reformulação da primeira tópica em segunda tópica: defesas inconscientes passam a cada vez mais serem levadas em consideração;
. A primeira concepção tópica do aparelho psíquico é apresentada no capítulo VII de A interpretação de sonhos (1900) e será desenvolvida nos textos metapsicológicos de 1915 onde os três sistemas serão distinguidos: inconsciente, pré-consciente e consciente; cada um com sua função, tipo de processo e sua energia de investimento. Essa distinção não pode ser separada da concepção dinâmica, segundo a qual os sistemas se acham em conflitos entre si.


Recalque Originário:

. Primeiro momento da operação do recalque. Tem como efeito a formação de um certo número de representações inconscientes.
. É postulado a partir de seus efeitos: uma representação não pode ser recalcada se não sofrer, simultaneamente com uma ação proveniente da instância superior, uma atração por parte dos conteúdos que já são inconscientes.
. Resulta na formação de uma quantidade de representações inconscientes (“recalcado originário”). Posteriormente, esses núcleos inconscientes vão exercer uma atração sobre conteúdos a serem recalcados, ajudando, portanto, no recalque propriamente dito;
. Caso Schreber: primeiro momento do recalque já é descrito como fixação (concebida como “inibição de desenvolvimento”). É uma fixação da pulsão numa representação e uma inscrição desta representação no inconsciente.
. Recalque originário: primeira fase do recalque que consiste no fato de ser recusado ao representante psíquico da pulsão o acesso ao inconsciente. Com ele se produz uma fixação onde o representante correspondente subsiste a partir daí de forma inalterável e a pulsão permanece ligada a ele.
. É um contra – investimento – noção que permanece obscura para Freud.
. Procurar origem em experiências arcaicas muito fortes.

Narcisismo:

. Referência ao mito de Narciso – amor pela imagem de si mesmo.
. Termo aparece pela primeira vez em 1910 para explicar a escolha de objeto nos homossexuais - partem do narcisismo e procuram pessoas que se parecem com eles;
.Caso Schreber: existência de uma fase intermediária entre o auto – erotismo e o amor pelo objeto. “O sujeito começa por tomar a si mesmo, ao seu próprio corpo, como objeto de amor”, o que permite uma primeira unificação das pulsões sexuais.
. Narcisismo não surge como uma fase evolutiva, mas como uma estase da libido que nenhum investimento de objeto permite ultrapassar completamente.
.Neurose Narcísica: possibilidade que a libido tem de reinvestir o ego (“libido do ego”), desinvestindo, portanto, o objeto (“libido do objeto”);
.  Narcisismo infantil como um dos momentos formadores do ego:  quando o ego é tomado como objeto de amor;
. Identificação narcísica com o objeto. Imagem que o sujeito adquire de si mesmo segundo o modelo do outro, e que é precisamente o ego. (concepção que cai com a elaboração da segunda teoria do aparelho psíquico).
. Freud acaba opondo de forma global um estado narcísico primitivo (primário) e relações com o objeto.
. Narcisismo primário: ausência total de relações com o meio, por uma indiferenciação entre o ego e o id.
. Idéia de um narcisismo a partir da formação do ego por identificação com o outro não é abandonada e passa a ser denominada como narcisismo secundário. – captação amorosa da imagem que outra pessoa tem do indivíduo, interiorização de uma relação intersubjetiva. Libido que aflui ao ego pelas identificações, sendo retirado dos objetos.

Elaborado por Fernanda Capuano e Renata Siqueira da
 Equipe de Monitoria de Psicanálise da PUC/SP