quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Resumo do texto Identificação – Psicologia de Grupo e Análise do Ego, cap. VII, Vol. XVIII, 1921

O capítulo “identificação”, está presente no texto Psicologia das Massas e Análise do Eu (1921.) Neste, ao longo das suas dissertações, Freud aborda a questão do que constitui e como ocorre a formação das massas, diferenciando-a dos grupos e de outros tipos de laço social.
O pai da psicanálise inicia o texto relatando que a identificação foi a primeira forma de ligação afetiva entre  as pessoas. A partir disso, então, estabelece a relação com a pré-história (ao longo do seu artigo, retoma várias vezes o texto Totem & Tabu, onde aborda a questão da formação da civilização e os aspectos primitivos do psiquismo e sua forte relação com o complexo de Édipo. A questão que se impõe aí é, então, a ligação com o pai e a ambivalência (o amor e a agressividade) em relação a mãe presentes ao longo do fenômeno citado anteriormente. A identificação ao pai adquire tons de hostilidade ao final da fase Edípica, em decorrência do mesmo ser tomado como um obstáculo em relação a sua mãe, que por sua vez, é tomada a partir de uma outra ligação psicológica que não a identificação, a de ser tomada como objeto.
O autor faz esta retomada para diferenciar, aprofundado o que já foi dito no parágrafo anterior, a questão da identificação versus a tomada como objeto. Neste sentido, o pai é tomado como modelo, aquilo que o sujeito gostaria de ser, enquanto a mãe é tomada como objeto, aquilo que ele gostaria de ter. Logo, a identificação, neste sentido, pode provocar uma mudança no eu, enquanto a ligação via investimento objetal direto não, pois é de uma outra natureza, que não envolve a questão do querer ser, tampouco do modelo.
No momento seguinte do texto, o pai da psicanálise aprofunda a relação entre as duas formas de ligação, a partir da relação com a formação neurótica dos sintomas. Diante disso, traz como exemplo hipotético para ilustrar as possibilidades de relação com o objeto, uma garota que apresenta um sintoma de tosse. A partir disso, ele aborda, primeiro, a possibilidade de que, no complexo de Édipo, que já foi citado anteriormente, o desejo de ocupar o lugar da mãe pode ter gerado um sentimento de culpa e sintomas associados a isso.
Depois, demonstra, a partir do exemplo citado, fazendo alusão ao Caso Dora (O Caso Dora é um famoso caso de histeria estudado por Freud, que está publicado no Vol VII, Fragmentos da Análise de Um Caso de Histeria. Aqui, o autor faz esta retomada para dizer que um dos seus sintomas era a imitação da tosse do pai) que a identificação pode se confundir com a escolha do objeto. De acordo com o autor, neste caso, a identificação tomou o lugar da escolha de objeto, e a escolha de objeto regrediu à identificação. (FREUD, 1921). Desta forma, pode ocorrer na formação dos sintomas, que as duas formas de ligação estejam presentes e se confundam, ou se alternem.
Na última forma citada da relação entre as ligações com o objeto e a formação e sintomas, Freud traz um exemplo de um grupo de garotas que vê uma outra receber a carta de um amante em um pensionato, uma carta que lhe desperta ciúme e a faz ter um ataque histérico. Aqui, em decorrência do sentimento de culpa gerado pelo fato de que o grupo de garotas também queria receber uma carta de amor, elas se identificam a essa outra e também tem um ataque histérico. Freud diz que este tipo de identificação desconsidera totalmente a relação objetal, ocorre, neste exemplo, uma identificação a partir da disposição afetiva que se desloca para o sintoma que Eu produziu. (FREUD, 1921.)
A partir dessas proposições, Freud retoma a questão das massas, presente nos capítulos anteriores. Ele lança a hipótese de que, na massa, ocorre uma identificação, que ocorre por via afetiva, na ligação com o líder. Aqui, é importante ressaltar que se trata de um recorte de um capítulo. Ao longo do texto, o autor constrói a questão da formação das massas e esta é citada anteriormente, a partir de diversas hipóteses, ângulos e autores.
Por fim, o autor traz a questão da introjecção de objeto na melancolia. Aqui, a perda real ou afetiva do objeto amado provoca sentimento de culpa e auto depreciação. O que acontece, é que o objeto permanece presente no psiquismo, ou seja, é incorporado no mesmo. O Eu é, então, dividido, uma parte, que contém a consciência crítica e o objeto, recrimina a outra. Freud classifica esta parte, aqui de Ideal de Eu. Nós a chamamos de Ideal de Eu e lhe atribuímos funções como auto-observação, consciência moral, censura do sonho e principal influência na repressão. (FREUD, 1921)
Desta forma, é possível dizer que, a partir da introjeção do objeto na melancolia, há um distanciamento entre o Ideal do Eu e o Eu Real, o que gera as questões citadas no parágrafo anterior. O autor desenvolve acerca da temática no texto Luto e Melancolia (1917) de modo que retoma esta questão, aqui, apenas para ilustrar uma possibilidade de relação com o objeto.

Elaborado por Antônio Alberto Almeida e Regina Cordeiro da equipe de monitores de Psicanálise da PUC/SP.

BIBLIOGRAFIA.

FREUD, Sigmund. Psicologia das Massas e Análise do Eu [1921]. In: Psicologia das massas e análise do eu e outros textos (1920-1923) tradução e notas Paulo César de Souza – São Paulo, Companhia das Letras, 2011.