Texto O sentido dos sintomas – Sigmund Freud
Freud inicia o texto contrapondo a abordagem psiquiátrica e
psicanalítica quanto ao modo de olhar o sintoma. A partir das experiências de
observação da histeria feitas por Janet e Breuer, o autor aponta que para a
psicanálise tanto os sintomas quanto as parapraxias e os sonhos têm um sentido
que se relaciona com as experiências de cada sujeito. Nesse texto, Freud se atem
a exemplos da neurose obsessiva, pois, para ele, ao contrário do que acontece
na neurose histérica, os sintomas revelam de modo mais explícito o quão
particular são, além de apresentarem poucos ou nenhum fenômeno somático, permanecendo
circunscritos ao âmbito mental.
Freud define que a manifestação da neurose obsessiva se revela quando o
paciente se ocupa de pensamentos que não lhe interessam ou importam – ou seja,
pensamentos cuja significação é nula –, mas que, no entanto, permanecem ativos
na vida do mesmo, que se obriga constantemente a remoê-los como se fossem de
grande importância. Ele também revela que os atos obsessivos são sempre
precauções ou fuga de impulsos graves, como, por exemplo, o cometimento de
crimes. Além disso, também a dúvida, que se apresenta acompanhada de extrema
indecisão e restrição de liberdade, é um sintoma presente na neurose obsessiva.
Cabe ao analista tentar compreendê-los e interpretá-los.
A seguir, Freud ilustra sua explicação sobre a neurose obsessiva com
dois exemplos. O primeiro se trata do caso de uma senhora que possuía um ritual
de correr de um quatro ao outro e, ao chegar ao novo aposento, e ficar próxima
a uma mesa enquanto chamava a empregada para lhe mostrar uma mancha vermelha na
toalha.
Neste exemplo, o sentido do ato obsessivo da senhora foi parcialmente
descoberto pela mesma ao identificar semelhanças do ritual com sua noite de
núpcias, na qual seu marido havia ficado impotente. Freud interpreta então, que
o ato obsessivo da mulher era uma tentativa de proteger seu marido de
comentários maldosos além de desculpá-lo e engrandecê-lo, podendo ter uma vida
tranquila e evitando tentações fora do casamento.
O segundo exemplo trata-se da necessidade de absoluto silêncio exigido
por uma jovem ao deitar-se para dormir, o que se transformava em um verdadeiro
ritual. Ela exigia que a porta de seu quarto e a dos pais permanecesse
entreaberta, além de possuir especificações com a sua cama e travesseiros. A
partir das associações feitas pela paciente em diversas oportunidades, Freud
interpreta seus atos, relacionando-os com questões da vida sexual da jovem que
envolvia uma forte tensão entre os pais e a moça.
Freud ressalta que os sintomas, assim como os sonhos, têm um sentido que
se relaciona com as experiências do paciente, e que, desvenda-lo, não é uma
tarefa simples, pois exige um longo processo de investigação sobre a história
de cada sujeito.
Elaborado pela equipe da Monitoria de Psicanalise – Curso de
Psicologia – FACHS – PUC/SP – abril/2015
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