terça-feira, 6 de novembro de 2012

Considerações sobre os Verbetes do Vocabulário de Psicanálise de Laplanche e Pontalis – “Princípio do Prazer, de Realidade, do Nirvana”



Princípio do Prazer: princípio que descreve o fato de a atividade psíquica ter por objetivo evitar o desprazer e proporcionar o prazer. Desprazer é entendido como a percepção, por parte do sistema perceptivo-consciente, do aumento de tensão interna. Prazer seria a volta a um nível baixo de tensão, atingido na satisfação de desejos (por meio de vivências de satisfação ou de sonhos, por exemplo). Assim, o Princípio do Prazer está relacionado com o Princípio da Constância (que representa a tendência do aparelho psíquico em manter constante o nível de tensão), ora se aproximando, ora se distanciando desse ao longo da teoria.
De início, as pulsões só procurariam descarregar-se, satisfazer-se pelos caminhos mais curtos (Princípio do Prazer). Com o desenvolvimento do sujeito, modicam-se pelo Princípio da Realidade.
Princípio da Realidade: modifica o princípio do prazer, impondo-se como regulador, fazendo com que a busca de satisfação sofra desvios e adie seu resultado. Sua instauração corresponde a uma série de adaptações que o aparelho psíquico tem de sofrer a fim de desenvolver funções da consciência, como atenção, juízo, memória e pensamento.
“Por um lado, o Princípio da Realidade garante a obtenção das satisfações no real e, por outro, o Princípio do Prazer continua a reinar” no campo das fantasias e dos processos inconscientes.
O Princípio da Realidade explica o funcionamento das pulsões de auto-conservação (pulsões do eu). Estas são levadas a reconhecer o domínio do Princípio da Realidade, enquanto as pulsões sexuais “se educam [se submetem a ele] com atraso e sempre de modo imperfeito”.
(há, contud0, contradições e embates teóricos relacionados ao início da manifestações de cada princípio no desenvolvimento do sujeito. Ver página 369 do vocabulário.)
Princípio de Nirvana: princípio que designa a tendência de o aparelho psíquico levar a zero o nível de tensão. Advém da religião budista, onde designa a “extinção” do desejo humano, o aniquilamento da individualidade, um estado de quietude e de felicidade perfeita. Exprime a tendência da pulsão de morte, sugerindo uma ligação profunda entre a busca do prazer (desprazer) e o aniquilamento.

Realizado pelo aluno Mario Otero Filho, da Equipe de Monitores de Psicanálise do Curso de Psicologia da PUC/SP.

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