sábado, 3 de novembro de 2012

Resumo: Verbetes do Vocabulário de Psicanálise de Laplanche e Pontalis - “Complexo de Édipo”



O complexo de Édipo tem seu auge entre o terceiro e quinto ano de vida da criança, período concomitante à fase fálica. Sua sucumbência marca o início da fase de latência. Tem como função estrutural a formação da personalidade e o direcionamento do desejo humano. Na perspectiva clínica, ele representa o centro referencial das psicopatologias e na perspectiva da antropologia, o referido processo é apontado como universal. O complexo de Édipo seria a representação da criança na relação triângular estabelecida com os cuidadores.

A elaboração do complexo de Édipo sofreu mudanças ao longo da obra de Freud. Uma das alterações foi com relação à ideia de que o modelo utilizado para o menino equivaleria ao processo vivido pela menina, o que foi reelaborado. Além disso, considerações acerca da fase pré-edipiana também foram aspectos debatidos no âmbito da psicanálise.

Freud atribui três funções fundamentais ao desencadeamento do complexo de Édipo, quais sejam:
a) A escolha do objeto de amor, visto que as escolhas objetais efetuadas na puberdade são marcadas pelos investimentos de objeto, pela interdição do incesto e pelas identificações referentes ao período edípico.
b) Acesso à genitalidade, pois o complexo de Édipo, quando resolvido por meio do processo de identificação que dele deriva, permite a primazia do falo.
c) Estruturação da personalidade por meio da constituição das três instâncias do aparelho psíquico: id, ego e superego.

Freud ressalta a necessidade de que o complexo seja não apenas recalcado, mas destruído para que o indivíduo entre no período de latência. Nesse sentido, o processo não ocorre de maneira efetiva sem a sua sucumbência pois o ego permanecerua no id em estado inconsciente, o que mais tarde se manifestaria através de uma patologia. Essa dissolução se dá de maneira distinta entre os meninos, que sucumbem à ameaça de castração fornecida pelo pai e renunciam o objeto incestuoso e as meninas, que, por outro lado, são introduzidas ao Édipo a partir da castração e apenas renunciam ao pênis quando o compensam com outro objeto de desejo, um eventual filho.

O complexo de Édipo ainda é relacionado ao mito do Totem e Tabu, na medida em que esse seria a fonte de uma instância interditória primária necessária ao estabelecimento da cultura. Assim, fica evidente que, para Freud, o complexo de Édipo possui um caráter fundamental.


Preparado por Camila Gerassi e Pedro Márky da Equipe de Monitores de Psicanálise da PUC de São Paulo.

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