terça-feira, 6 de novembro de 2012

Resumo: “Dissolução do Complexo de Édipo” – 1924

Inicialmente, Freud afirma que o Complexo de Édipo é um importante fenômeno central do período da primeira infância e que, após isso, é efetuada sua dissolução seguida do período de latência. Isso ocorre devido a experiências de desapontamentos penosos associados à fase genital, ameaças, castração e à constituição do superego.
Isso ocorre porque, no caso da menina, há a necessidade de considerar-se como aquilo que o pai ama acima de tudo, porém, sofre uma dura punição por parte dele. No caso do menino, há a descoberta de que a mãe, sua prioridade, transferiu seu amor a um recém-chegado. Com isso, a ausência da satisfação esperada faz com que o sujeito não tenha esperanças e, desse modo, encaminhe o Complexo de Édipo para a destruição devido a falta de sucesso.
Outra possibilidade explicada por Freud é a de que o fim do Complexo de Édipo é um fenômeno determinado pela hereditariedade, como uma passagem necessária em que chegou a hora da sua desintegração, sendo predeterminada do desenvolvimento.
Freud não garante, entretanto, a uniformidade da sequência temporal e o encadeamento dos processos citados e faz uma afirmação relevante: a dissolução do complexo seria um desfecho ideal, enquanto que a simples repressão do mesmo teria por consequência a patologia.
Postas as duas concepções, o autor indica que ambas são fundamentadas, mas não incompatíveis entre si. Dessa forma, haveria espaço tanto para a concepção filogenética, quanto para a ontogênica.
                  Freud segue afirmando que o desenvolvimento sexual da criança avança até o momento em que o órgão genital masculino assume o papel principal, uma vez que o órgão genital feminino permanece irrevelado. Esse período é marcado pela fase fálica onde a castração se faz presente. É seguida pelo período de latência.
                  A castração ocorre quando a criança reconhece seu órgão genial e manipula-o, fazendo com que os adultos reprovem tal comportamento. A partir dai, começam as ameaças, onde os pais afirmam para as crianças que aquele órgão tão desejado por elas poderá ser tirado. Há a ideia simbólica de culpar à mão por estar fazendo aquilo ou por culpar os meninos de molharem suas camas todas as noites.
                  A organização genital fálica teria fim frente à ameaça de castração. O que ocorre é que o menino não acredita na ameaça e, com isso, duas coisas importantes preparam as crianças para perdas de partes do corpo. Elas seriam a retirada do seio materno e a exigência de soltarem conteúdos de seus intestinos.
Com efeito, o complexo de Édipo oferece ao menino duas alternativas para a obtenção de sua satisfação. Em ambos os casos a possibilidade de castração acarretaria na incapacidade de obtê-la. Dada a inviabilidade da obtenção de satisfação a partir do complexo de Édipo, há um conflito entre o interesse narcísico referente ao pênis e o investimento libidinal dos objetos parentais, conflito o qual é vencido, geralmente, pela primeira dessas forças, o que resulta no afastamento do Ego do complexo de Édipo. O que ocorre em seguida é uma troca, pois os investimentos objetais da criança frente os seus pais são substituídos pela identificação.
O complexo de Édipo nas meninas também passa pelo complexo de castração e por uma organização fálica, mas ocorre de maneira diferente daquela dos meninos. A principal diferença entre o menino e a menina, no que diz respeito à castração, é que a menina acredita já ter tido um órgão como o do menino, o qual já foi perdido. Isso ocorre quando ela tem visão da região genital feminina e fica indignada ao perceber a ausência do pênis numa criatura tão semelhante a um menino assim.
 Deste modo, as meninas aceitariam a castração como fato consumado, não havendo o temor da castração como nos meninos, mas sim o temor à perda do amor. O complexo de Édipo para ela culminaria no desejo de receber um filho do pai, desejo que uma vez não concretizado, resultaria na dissolução do complexo. Os desejos de ter um pênis e um filho permanecem investidos no inconsciente da garota, criando espaço para a preparação de seu papel sexual futuro.
                  É iniciado o período de latência, onde a autoridade dos pais é introjetada no ego, formando o núcleo do superego da criança. Isso porque o superego se caracteriza como a instância psíquica que mantém a repressão e proibição do incesto, protegendo o Ego contra o retorno do investimento libidinal a objeto proibido.
Para as meninas, há uma interpretação a cerca do fato dela sempre achar que teve um pênis, uma vez que seu clitóris comportava-se exatamente como um. Ao brincar com uma criança do sexo oposto, a menina percebe a injustiça e a inferioridade por não ter um órgão genital masculino. Desse modo, a menina entende a castração como um fato consumado, diferente do menino que tem medo da possibilidade de sua ocorrência.
Freud aponta que a motivação para a construção do superego e a demolição da organização genital infantil estaria mais ligada à educação, à intimidação externa, “que ameaça com ausência de amor.” Os desejos de possuir um pênis e ter um filho com o pai jamais se realizarão e, por isso, permanecerão catexizados no inconsciente dela, preparando-a para seu papel futuro.
Nesse sentido, o complexo de Édipo implica na existência de uma organização fálica infantil sendo universal a ameaça de castração que resultará na sua dissolução, no período de latência e na formação de um Superego.


Preparado por Camila Gerassi e Pedro Márky da Equipe de Monitores de Psicanálise da PUC de São Paulo.


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